Silvio de Abreu faz questão de rebater as acusações de que teria perseguido e provocado a demissão de Stênio Garcia na Globo. O novelista afirma que a emissora sequer o consultou sobre a dispensa na época em que ocupava o posto de diretor de Dramaturgia. Ele ainda acusa o veterano de ter cavado a própria cova com uma plástica mal sucedida, que o fez perder diversos papéis dentro da casa.
"Havia uma rejeição por parte dos autores e diretores, não contra o indiscutível talento dele, mas por alguma intervenção estética que ele havia feito no rosto prejudicando as feições. Quando a sua aparência voltou ao normal, eu o escalei em Deus Salve o Rei (2018), e ele fez um brilhante trabalho como o interventor", explica o autor.
Abreu também contestou a versão dada por Garcia, em entrevista publicada neste sábado (21), de que o desentendimento foi motivado por críticas feitas pela mulher dele, Marilene Saad, nas redes sociais. "Eu não tenho Instagram, nem Twitter, portanto não tinha como saber o que a senhora disse", pontua.
"Essa história é completamente falsa. Nunca aconteceu. Primeiro porque não cabia a mim contratar ou dispensar quem quer que fosse. Esse trabalho era do RH. Eu nunca fui consultado sobre a dispensa do senhor Stênio, e ele nunca me procurou enquanto eu estava no cargo para pedir nada ou falar que tinha recebido o aviso", acrescenta.
O dramaturgo igualmente refuta as queixas do ator de que sofreu represálias por conta do relacionamento conturbado com Cleyde Yáconis (1923-2013):
Eu comecei a ler nos jornais e até em programas de TV que a dispensa teria sido uma vingança de minha parte pelo fato de, no século passado, ele ter sido um canalha com a grande atriz e minha amiga Cleyde. Realmente a atitude dele foi horrível, mas eu não tinha e nem tenho nada com isso.
Abreu diz ter salvo Stênio da degola
Abreu argumenta que, ao contrário das acusações, atuou em favor de Stênio para que trabalhasse mais vezes dentro da Globo. "Depois disso eu o escalei para dois excelentes papéis em Boca do Lixo (1990) e em Torre de Babel (1999), que ele desempenhou lindamente, porque talento não lhe falta", aponta.
O escritor assegura que a sua gestão à frente do setor de Dramaturgia foi marcada pela tentativa de resgatar grandes nomes até então esquecidos. "Verifiquei que muitos atores veteranos não eram escalados e fiz o impossível para corrigir isso com sucesso", diz.
Ele, por fim, ressalta que sempre manteve uma relação de respeito com todos durante a passagem pela líder de audiência:
Nunca tive nem tenho nada contra o excelente ator Stênio Garcia, dono de uma carreira brilhante no teatro, no cinema e na televisão brasileira. Lamento profundamente que um talento tão grande desça tão baixo usando colunas de fofoca para acusar com uma calúnia descabida um profissional que sempre admirou e respeitou o seu talento.
Versão de Stênio Garcia
Stênio Garcia revelou que foi demitido da Globo no meio da pandemia de Covid-19 por WhatsApp. Ele falou que não tinha a menor noção de que sofreria uma "perseguição individual" e que só se deu conta sobre o processo posteriormente.
A tal "perseguição" seria por parte do autor de Rainha da Sucata (1990). "Foi por uma razão meio boba. Minha mulher tinha falado mal do Silvio de Abreu no Instagram. Eu acho que qualquer pessoa que interfira no processo de trabalho de alguém não é bom, foi péssimo. Ele não é muito bom-caráter, não", arrematou ele.