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‘Stranger Things’: monstros reais assombram os jovens na nova temporada


Na superfície, Hawkins é uma entre tantas cidadezinhas modorrentas do Meio-Oeste americano. Mas uma misteriosa versão dela em outra dimensão, o Mundo Invertido, revela-se um imenso território da imaginação — inclusive em popularidade. Tão logo surgiu, em 2016, o cenário idílico de Stranger Things se impôs não só como sucesso: foi o primeiro fenômeno cultural posto em voga pela Netflix. Por três temporadas, a série dos irmãos Duffer teve altos e baixos, mas nunca perdeu seu charme — e chega à primeira fase de sua quarta leva de capítulos, a penúltima prevista, provando-se um clássico indisputável.


Entre seu início e 2022, Stranger Things promoveu poucos avanços temporais em seu retrato nostálgico da década de 80. Seus jovens e adoráveis protagonistas, como as meninas Max (a talentosa Sadie Sink) e Eleven (Millie Bobby Brown) e seus amigos, continuam imersos numa atmosfera que recende a filmes como E.T. — O Extraterrestre, tendo a Guerra Fria como pano de fundo. Mas seus atores cresceram, e como: Millie foi dos 12 aos 18 anos em cena. Seus personagens, de certa forma, refletem essa nova realidade. Max, Eleven e os meninos Will, Dustin, Lucas e Mike agora enfrentam as dores da chegada ao ensino médio e, com ela, as dúvidas e inadequações de praxe. Na quarta temporada, enfim, eles enfrentam monstros pessoais tão tenebrosos quanto os que habitam as profundezas do Mundo Invertido.


 

Ao explorar a progressão dos dramas adolescentes e os traumas psicológicos de Eleven e Max, a quarta temporada tem o mérito de espantar a ligeira sensação de cansaço na trama que a precedeu. É, ainda, uma experiência em tela aberta dos dilemas atuais da Netflix: com seus novos episódios extralongos (um deles terá duas horas e meia de duração!), a série testa limites num momento em que a plataforma, sofrendo perda de assinantes, passa por uma reavaliação existencial. Dentro da lógica de uma legião de jovens e adultos fissurados por Stranger Things, contudo, tamanho não é crise, pelo contrário: quanto mais tempo gasto naquela mitologia peculiar, melhor. Há quem deseje que os anos 80 não acabem nunca.


 

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