Uma viúva está grávida de seu marido dois anos após ele ter morrido de um tumor cerebral. Lauren McGregor, 33, de Merseyside, Liverpool, disse que engravidou em setembro de 2021 e deve dar à luz este mês. Ela passou por uma rodada de fertilização in vitro com o esperma que ele deixou congelado logo após receber o diagnóstico da doença.
Chris McGregor, 37, congelou seu esperma em 2017, após ser diagnosticado com um tumor cerebral. Os sintomas e o tratamento de Chris duraram de 2013 a 2020, incluindo períodos em que ele esteva em remissão, antes de falecer em julho de 2020. "Olhando para trás, eu meio que me arrependo de não termos tentado ter um bebê enquanto ele ainda estava vivo", disse Lauren, que administra um negócio de planejamento de festas em sua cidade natal. “Com a saúde dele, sempre ficava em segundo plano, parecia que sempre havia algo nos impedindo. Mas as pessoas sempre dizem que nunca há um bom momento para ter um bebê. Comecei essa jornada para ter um pedaço de Chris", disse.
Embora mal possa esperar para se tornar mãe, ela admite que é difícil saber que seu filho nunca poderá conhecer Chris. "Estou realmente ansiosa para ser mãe, embora esteja triste porque o bebê nunca conhecerá Chris. Todos os nossos amigos sabiam que queríamos filhos juntos, então não estão necessariamente chocados, mas apenas surpresos com a situação. Todo mundo tem sido maravilhoso, eles são tão solidários. No começo, eu mantive em segredo, só deixei alguns de nossos amigos íntimos e minha família saberem", conta. Lauren tem outros quatro embriões congelados que pode usar para futuros filhos. "Eu acho que que é algo que eu consideraria fazer novamente. É engraçado, eu sofri muito com náuseas e enjoos com essa gravidez, e eu disse a um amigo para nunca mais me deixar fazer isso! Mas quando passa, você fica empolgado com tudo o que está por vir, como qualquer mãe fica", afirmou.
A viúva começou a compartilhar sua jornada em sua conta do Instagram para aumentar a conscientização sobre a concepção póstuma como uma opção para os casais. “Comecei a compartilhar minha jornada porque queria aumentar a conscientização sobre isso como uma opção”, disse. “Mesmo o fato de poder ser feito dessa forma, nem todo mundo sabe que é uma opção, e há muita papelada a ser preenchida. Se você for a um centro de fertilidade e estiver passando por algum tratamento contra o câncer, faz parte do processo ter um formulário para assinar o consentimento do seu parceiro caso algo aconteça com você. Isso não acontece se você ainda não estiver doente, então, se você estiver fazendo isso e perder seu parceiro inesperadamente, talvez não consiga usar o esperma ou óvulos que seu parceiro armazena. Você nunca sabe o que está por vir, então eu acho que eles deveriam mudar o processo e fazer esse padrão para todos", argumentou.
Luta contra o câncer
Lauren e Chris se conheciam desde crianças, mas ficaram juntos apenas nove meses antes de ele adoecer. "Chris e eu nos conhecemos desde crianças, nossas mães eram muito amigas. Nós nos reconectamos em 2012 e começamos a namorar em abril de 2013, então não demorou muito para que seus primeiros sintomas surgissem. Depois que ele morreu, tive que esperar nove meses antes de poder iniciar o processo de fertilização in vitro como uma espécie de período de luto e para ter certeza de que sabia no que estava entrando. Ter um bebê foi algo sobre o qual falamos por anos enquanto estávamos juntos, e dissemos que queríamos fazer", afirmou.
“Ele estava se sentindo mal, ele ia aos médicos porque estava com um resfriado, ele estava tendo ondas de calor. Então, em dezembro de 2013, estávamos no telefone e caiu a ligação. Tínhamos combinado que, se caísse, ele me ligaria para que não estivéssemos ligando um para o outro ao mesmo tempo. Mas ele não me ligou por uma hora e quando ligou, disse que demorou muito porque não conseguia lembrar meu nome para me ligar de volta", lembra. Os dois, então, marcaram uma consulta médica. "Eles descartaram um derrame e fizeram alguns exames de sangue e depois uma tomografia computadorizada. Uma vez que eles confirmaram que havia algo em seu exame, ele foi admitido imediatamente e fez uma cirurgia no cérebro em março de 2014. Eles conseguiram remover 95% do tumor, e um ano depois ele estava praticamente recuperado", conta.
O tumor de Chris retornou várias vezes, uma vez em 2016 e novamente em 2019. “Seus sintomas voltaram no final de 2016, mas não eram grandes o suficiente para cirurgia, então ele fez quimioterapia e radioterapia. Em novembro de 2019, ele começou a descrever os mesmos sintomas novamente e descobrimos que ele tinha um segundo tumor no outro lado do cérebro. Ele começou a quimioterapia em janeiro de 2020 e, depois de três meses, o segundo havia desaparecido e o primeiro estava contido. O médico recomendou parar a quimioterapia porque com a covid, não queria que seu sistema imunológico fosse comprometido. Naquele maio, os sintomas voltaram, e outro exame mostrou que o tumor tinha crescido além da conta, e ele faleceu em julho", finalizou.
Chris lutou contra o câncer de 2013 a 2020