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O que está por trás da baixaria entre Allan dos Santos e Sérgio Camargo


Uma troca de ofensas entre o blogueiro Allan dos Santos e o presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, expôs um novo capítulo de uma crise entre os apoiadores do governo federal. A briga mostra um racha na base ideológica do bolsonarismo: de um lado estão seguidores do escritor Olavo de Carvalho que criticam figuras do governo e, de outro, apoiadores ferrenhos do presidente Jair Bolsonaro.

Camargo entrou na mira de Santos — dono do site conservador Terça Livre, que está foragido da Justiça — após publicar críticas aos olavistas em seu perfil no Twitter. O presidente da Fundação Palmares escreveu que “Jair Bolsonaro seria um autêntico conservador ainda que absolutamente nenhum intelectual jamais tivesse escrito um único parágrafo sobre conservadorismo”, em uma referência a Olavo de Carvalho.

Em seguida, o blogueiro escreveu que Camargo faz parte de “uma horda de anafabetos que, se não estivessem na política, não seriam capazes de ensinar uma única e mísera coisa sequer”, e o criticou por receber salário do governo.

— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) December 26, 2021

As ofensas, a partir daí, só aumentaram. Camargo chamou Allan dos Santos de “oportunista fracassado” e o acusou ter inveja e interesses contrariados no governo. Novamente, diminuiu as figuras de Olavo e Santos: “O brasileiro é, majoritariamente, conservador, e nunca leu Olavo de Carvalho. Nem assistiu ao Terça Livre”.

O blogueiro, então, baixou ainda mais o nível da briga, chamando Sérgio Camargo de “moleque de merda” e citando um episódio que supostamente envolveria Camargo: “Nunca levei puta em churrasco de família em Brasília deixando todo mundo desconcertado”, postou.


— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) December 27, 2021

Mágoas

A baixaria nas redes sociais ocorre cerca de uma semana após Olavo lançar críticas contra Bolsonaro. O escritor deixou claro que tem mágoas com o presidente ao reclamar que seus amigos foram demitidos do governo e que duvidava que ele tenha lido um livro seu inteiro. “Ele me usou como ‘poster boy’. Me usou para se promover, para se eleger. E, depois disso, não só esqueceu tudo o que dizia, como até os meus amigos que estavam no governo ele tirou”, disse Olavo em uma transmissão na internet.

As críticas de Olavo ao governo se intensificaram ao longo do ano. Em junho, em uma live durante a madrugada, o escritor reclamou da inação de Bolsonaro e chegou a ameaçar o presidente: “Esse pessoal não consegue derrubar o seu governo? Eu derrubo. Continue inativo, continue covarde, eu derrubo.”

Após olavistas perderem espaço no governo, como Abraham Weintraub (ex-ministro da Educação) e Ernesto Araújo (ex-ministro das Relações Internacionais), a briga ameaça atrapalhar os planos eleitorais de Bolsonaro. Um exemplo é o palanque em São Paulo: enquanto o presidente insiste na candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, ao governo estadual, Weintraub segue como pré-candidato e tem apoio do bolsonarismo olavista. Na briga que dividiu a direita na internet, Weintraub se alinhou com os olavistas: “Prof. Olavo traidor? Comunista? Precisa ser destruído? VOCÊS ESTÃO LOUCOS?”

A briga pública entre Camargo e Santos chegou aos assuntos mais comentados do Twitter nesta segunda-feira, 27. Até o início da tarde, mais de 3.000 mensagens sobre o assunto já haviam sido postadas.

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