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'Posso não ter muito tempo de vida, mas quero três filhos'


Ewan Bowlby tinha apenas 17 anos quando, após meses de convulsões, os médicos encontraram um tumor em seu cérebro.

Dez anos depois, apesar de muitas cirurgias e um tratamento de quimioterapia, o câncer voltou e os médicos estimam pouco tempo de vida.

Mas o estudante de doutorado da Universidade de St Andrews, na Escócia, está prestes a se casar com a noiva Karlee Lillywhite - e eles planejam ter três filhos.

"É o que nos mantém animados e esperançosos", diz Ewan.

"Eu quero três filhos porque cresci em uma família assim. Eu gosto de verdade."

Ewan recebeu a notícia em janeiro que seu tumor atingiu grau quatro, muito mais agressivo do que outros tumores removidos anteriormente.





Ele e sua colega Karlee, de 30 anos, devem se casar na universidade escocesa no final deste mês. O casal se conheceu há cerca de um ano em uma aula tutorial no Zoom.

Eles planejam se mudar para Edimburgo, onde gostariam de começar uma família. O esperma de Ewan foi congelado antes de iniciar o tratamento.

"Talvez eu não tenha muito tempo de vida, o futuro é incerto e meu tempo pode ser cada vez mais curto", disse Ewan.

Karlee, que é originalmente da cidade de Folsom, na Califórnia, disse à BBC Escócia que estava preparada.

"É assustador pensar em ficar sozinha com as crianças."

"No entanto, tive algumas lutas pessoais antes disso que me fizeram perceber a instabilidade da vida. Também tenho um apoio incrível da família e dos amigos.

"Gosto de planejar as coisas, mas aceito que não posso me preparar para tudo e que às vezes você tem que improvisar. Tem que tocar de ouvido".

Ewan pediu a mão de Karlee em setembro do ano passado.

"Formamos um vínculo muito forte muito rapidamente porque passamos muito tempo conversando um com o outro. Não vimos sentido em esperar quando sentimos tanto que queremos passar o resto de nossas vidas juntos", disse ele.


Ewan teve um relacionamento na época da escola e outro nos tempos em que estudou teologia na Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

"Eu terminei a relação depois de muitos anos porque não parecia certo envolver outra pessoa quando eu não sabia se estaria vivo por muito mais tempo para um casamento e para ter filhos."

"As coisas são diferentes agora com Karlee porque aprendi a ser vulnerável, a contar às pessoas sobre minha doença, então ela sabia desde o início. Ela aceitou e está feliz em ficar comigo."

Ewan, que é da cidade inglesa de Oxford, teve convulsões por nove meses antes de médicos descobrirem que ele tinha um astrocitoma de grau dois no córtex frontal direito de seu cérebro.

Apesar de ter passado por várias operações, incluindo uma apenas três meses antes de exames importantes de qualificação, conseguiu notas altas e chegou à universidade.

"Eu senti que estava de volta aos trilhos da minha vida e estava muito empolgado para entrar na universidade."


Mas, com um ano de curso, ele começou a ficar exausto. Seu ânimo estava em baixa e ele desenvolveu ansiedade.

"Os efeitos posteriores da cirurgia podem levar muito tempo para aparecer", disse ele.

"Fiz o segundo e terceiro ano do curso com esforço, mas passei muito tempo dentro de casa sozinho e sem socializar. Foi muito difícil."

Ele se inscreveu para fazer um mestrado na St Andrews, mas teve que adiar os planos quando um exame de rotina do cérebro descobriu que seu tumor tinha voltado a crescer.

Ewan passou por uma cirurgia no cérebro que foi realizada com ele acordado.

"Foi doloroso. Eles serraram a parte de cima da minha cabeça e a prenderam numa armação de metal por cinco horas para que eu não me mexesse.

"Eu fiquei acordado para que eu falasse e piscasse para que pudessem diferenciar o que era tumor ou meu cérebro", disse ele.

A análise mostrou que o tumor era maligno.

Ele ficou bem por três anos e começou um doutorado focado no cuidado emocional e psicológico de pacientes com câncer.

No entanto, uma varredura descobriu que o tumor havia crescido novamente em janeiro.

"Foi uma notícia muito ruim, pois eles disseram que se espalhou para diferentes partes do meu cérebro."

Ele passa agora por mais uma etapa de quimioterapia.

Ele tem procurado ajuda para a ansiedade em um centro na cidade escocesa de Dundee.

"É uma boa maneira de conhecer pessoas que estão na mesma situação. O companheirismo e o apoio é o que realmente me ajudou a aceitar minha situação."

Karen MacKinnon, chefe do Maggie's Dundee Centre, disse que conviver com a incerteza é um dos aspectos mais difíceis da vida com câncer.

"Pode ser tão difícil fazer planos e pensar no futuro quando enfrentamos o desconhecido ou sabendo que o tempo é limitado", disse ela.

"Muitas pessoas - tanto pacientes quanto as que cuidam de alguém com câncer - também podem experimentar intenso estresse, medo e ansiedade ao pensar no que o futuro pode reservar".

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